![]() |
COPYRIGHT © 2023 KODANSHA |
Em 2022, Fujita, autora de Wotakoi, fez algumas artes exclusivas para eventos nos Estados Unidos e um delas foi para a Anime Expo 2022. A Kodansha USA aproveitou para fazer uma entrevista com ela!
Essa entrevista foi publicada em vídeo e também transcrita em duas partes (Parte I e Parte II).
Wotakoi tem muitos fãs aqui no Brasil e muitas pessoas não falam inglês. Mesmo com o recurso de tradução automática do Google, nem sempre fica bom. Por isso, decidi traduzir essa entrevista, para que mais pessoas possam ter acesso à essas informações exclusivas. Já aproveito pra avisar que não tenho nenhuma experiência com tradução, foi bem desafiador. Traduzir não é nada fácil! Mas me esforcei para tentar deixar o mais natural possível, mas algumas coisas não ficaram tão boas assim.
Antes de começar com o texto traduzido, queria primeiro deixar o agradecimento que a Kodansha USA fez para a tradutora Sawa Matsueda Savage e para a editora (da edição inglês) Vanessa Tenazas, que auxiliaram na entrevista; e o aviso de que essa transcrição foi feita a partir do áudio da entrevista com a Fujita, em que sua editora, Suzuki, estava presente. Assim, alguns comentários dela também foram incluídos nas respostas.
Vamos à entrevista! Ela foi separada em duas partes e as perguntas foram feitas em pequenos blocos, com uma ou duas por tema. Nesse post consta a tradução da Parte I.
___________________________________________________________
Sobre o começo: nos conte como foi o início de Wotakoi.
Fujita: Por diversão, comecei a postar uma página por vez no Pixiv e nos comentários as pessoas diziam que gostavam. Fiquei tão feliz com isso que continuei postando até ser contatada pela Ichijinsha e a partir dai virou uma série. Naquela época que começou a ficar mais comum procurar por conteúdo amador que fosse do seu interesse. É uma plataforma gratuita que permite fácil acesso à esse tipo de conteúdo, que eram como um achado ou tesouro escondido. Hoje em dia, há artistas profissionais no Pixiv e se sabe que há conteúdo de qualidade lá, então acredito que as expectativas sejam muito mais altas. Eu acho que estar na plataforma nequela época em que as pessoas tinham recém começado a perceber que haviam bons mangás lá ajudou muito.
Sobre o conceito: de onde veio a ideia para Wotakoi?
Fujita: A ideia surgiu em uma conversa com uma/um amiga/amigo (aqui não é indicado o gênero da pessoa) enquanto trabalhávamos em umas artes. Nós estávamos discutindo cenários e possíveis assuntos de conversa entre duas pessoas, um homem e uma mulher, que achávamos que seriam fofos juntos. Essa ideia se desenvolveu e eu achei muito legal, mas não conseguia explicar direito em palavras. Resolvi colocar no papel porque queria dar uma forma para essa ideia e o resultado desses rascunhos foi como começou. Mesmo que hoje em dia seja mais fácil ser um otaku, acho que ainda há muitas pessoas como a Narumi, que escondem essa parte de si. Os temos mudaram e pode ser que não seja mais necessário esconder, mas o que eu queria era reconhecer e validar esse sentimento de relutância. Acho que o volume final deu um fechamento para isso, por focar mais nesse assunto.
Sobre as personagens: Elas foram baseadas em pessoas reais?
Fujita: Não existem pessoas específicas que eu possa dizer: “Foi nela ou nele que baseei tal personagem”. Eu imaginei que existiam pessoas parecidas com eles por ai. Na verdade, eu estava convencida de que haviam essas pessoas conforme fui desenhando. Kabakura, por exemplo. Eu o desenhei imaginando que um homem com ego grande e uma imagem a zelar, mas que ama animes e não consegue resistir a sua vontade de consumir, seria exatamente assim. Foi difícil acreditar quando uma leitora/um leitor me disse que conhecia alguém que era igualzinho ao Naoya. Até sobre o Hirotaka, cuja personalidade foi feita pensando em uma versão exagerada de algumas características de otakus, eu ouvi comentários sobre caras reais parecidos com ele. Então acho que que ele realmente possa existir. Quando ouço esses comentários, sobre pessoas que se parecem com os personagens, fico aliviada por saber que não são apenas invenções da minha cabeça. Acho que os leitores gostaram de perceber pequenas coisas suas e de conhecidos nas personagens.
Sobre a comédia: Quem é sua inspiração?
Fujita: Desde pequena, eu gosto de comédia e de fazer as pessoas rirem, então eu acabei incorporando algumas tropes e fórmulas clássicas da comédia. Não foi uma inspiração direta para Wotakoi, mas eu gosto do estilo de comédia de Gag Manga Biyori (A Good Day for Comedy Manga). Eu gosto desse tipo absurdo de comédia, mas não consegui criar esse tipo de humor com meus desenhos, ai foquei em uma vibe parecida com o que se vê em Gintama. Os mangás Ranma 1/2 e Maison Ikkoku de Rumiko Takahashi tem a o estilo que eu quero criar. Eu tive cuidado para desenvolver os personagens para que eles cativassem e fizessem o público querer ver mais sobre seu dia-a-dia. Também tentei um clima mais leve e não tão sério.
Mangá: Como você começou a desenhar mangás?
Fujita: Eu comecei a desenhar no ensino fundamental (escola primária). Eu desenhava mangás sem diálogo de quatro quadros no meu caderno e mostrava aos meus colegas. Mesmo depois de um tempo, ainda tinha uma noção de que queria ser mangaká e fui para uma escola vocacional. Mas algumas coisas aconteceram e passei por um período difícil em que perdi aquilo que fazia desenhar mangás algo bom, então decidi dar uma pausa e desenhar mangás só para mim mesma. foi nesse momento que comecei no Pixiv, que resultou em Wotakoi. Então acho que tudo começou como um hobby que se tornou uma carreira. Quando dei por mim, esse era o meu caminho.
Mangá: Quais ferramentas você usa?
Fujita: Até o estágio de pintura, eu faço tudo no analógico. Antes de pintar, desenhar com ferramentas analógicas com as quais já estou acostumada faz com que o desenho fique mais convincente, e é mais rápido. Já a arte de fundo eu prefiro fazer digitalmente, porque é bem complicado de fazer cada linha individualmente com a régua de um jeito que elas não saiam da margem dos painéis. Eu espero atingir um equilibro dois tipos de desenho, balanceando analógico e digital, mas ainda estou no processo de descobrir como.
Usando o analógico, as linhas que desenho vão ser impressas exatamente como desenhei, assim eu tenho uma boa ideia de como tudo vai ficar. Mas no digital é possível aproximar muito e desenhar linhas muito finas. Eu odeio quando me dedico em pequenos detalhes até ficar satisfeita e ai está detalhado demais na impressão final e a página fica cheia demais. Eu não gosto de ler páginas com muitos detalhes e quero desenhar algo que pareça com os mangás que eu cresci lendo. Gosto de linhas que são um pouco mais grossinhas e fáceis de ver, e de um estilo em que as linhas sejam suficientes para representar profundidade. Quando desenho digitalmente, não tenho muita noção de como será o produto final e tentar chegar perto do que quero acaba sendo um processo que toma muito tempo.
Anime: Como foi ver seu mangá ganhar adaptação para anime?
Fujita: Todos os envolvidos se esforçaram tanto e fiquei muito feliz de ver o quão interessados eles estavam.
Suzuki: Eu tenho a impressão de que muitas pessoas descobriram Wotakoi por causa do anime, incluindo fãs estrangeiros. Eu acho que o anime foi uma parte muito importante para alcançar um público mundial.
Fujita: Eu adoro assistir vídeos de react de fãs estrangeiros. Numa cena em que o Hirotaka vê a Narumi chorando por um anime e fala “Chorando por anime nessa idade?”, dois fãs estrangeiros começam a repreendê-lo falando “Ei, assim não cara!”, mas logo depois quando o Hirotaka chora também, eles ficam “É, isso ai!”. Foi tão bom ver que gostaram de como a cena se desenrolou. Os fãs estrangeiros tem reações tão mais sinceras, é fofo.
Suzuki: Mesmo depois do término do anime, os OVAs lançados venderam de uma forma que é inimaginável para a maioria dos OVAs. Acho que esse é um bom indicativo de como muitas pessoas amam o anime.
Fujita: Os OVAs também envolveram muito trabalho. O anime foi um ótimo aprendizado.
Anime: Teremos uma nova temporada?
Suzuki: Eu queria muito ver o casamento do Kabakura e da Hanako, e o acontecimentos do mangá dos volumes nove ao onze.
Fujita: Eu quero isso tanto quanto todo mundo, não tem nem porque me perguntar [risos].
Suzuki: Com certeza muita gente ficaria feliz se a obra toda fosse animada.
Teatro: É verdade que Wotakoi vai ganhar uma peça de teatro?
Fujita: Sim! Essa adaptação tem uma vibe bem distinta, por ser ao vivo, e acho que aqueles que assistirem, vão gostar. Eu acho que adaptar Wotakoi em live action é uma aposta. Algumas pessoas podem morrer de vergonha de serem “vistas”. Eu sou uma dessas. O mangá já é o suficiente para isso, mas uma produção com pessoas reais me deixa preocupada que algumas pessoas possam explodir de vergonha.
Suzuki: Para ser sincera, a pessoa que veio com a proposta da peça é extremamente empenhada. Seja anime ou live action, eu sinto que as pessoas envolvidas tem diferentes personalidades dependendo do meio. Eu não faço ideia de como a adaptação vai ser até vermos ela, mas é algo para o qual podemos aguardar ansiosamente.
Fujita: Sim! É um território totalmente desconhecido, mal posso esperar para ver!
___________________________________________________________
E essa foi a Parte I da entrevista. Vou traduzir a Parte II em algum momento dos próximos dias e posto por aqui.
Comentários
Postar um comentário