Hana-san wa Minorasetai!, Volume 1

Minha primeira resenha de mangá da vida! Confesso que demorei muito pra finalmente fazer ela por estar bem nervosa pra escrever. Bobo né? Mas cá estamos!

Não queria terminar esse ano sem, pelo menos, uma resenha postada aqui, já que um dos motivos que me fez começar aqui foi a vontade de escrever resenhas sobre obras que eu gosto. Acabei deixando para os últimos momentos do ano, mas antes tarde do que mais tarde. Juntando isso com o fato de ser minha primeira resenha de mangá, não sei se ficou lá essas coisas. Mas eu sempre posso vir aqui complementar minhas próprias ideias, então não tinha porque enrolar mais para dar esse pontapé inicial.

Eu escolhi esse mangá porque, dentre muitas coisas que me inspiraram a começar com o Aroma, a Hana, protagonista da história, foi uma delas. Foi isso que me fez abrir uma exceção, porque a ideia era fazer resenhas de obras que foram licenciadas e receberem uma tradução oficial, seja em inglês ou em português, assim poderia usar prints e partes da história mais livremente para ilustrar meus comentários ou comentar partes específicas de diálogos. Mas considerando a importância dessa obra pro surgimento do blog, nada mais justo do que começar a resenhar obras com esse mangá. E ai como se trata de uma tradução de fã, eu só consegui pegar imagens mais aleatórias que encontrei por ai das páginas em japonês.

Vamos, então, a resenha!

"Hana-san wa Minorasetai!" (ハナさんは実らせたい!) é um mangá que conta a história de Hanakawa e seu “desabrochar”. Uma tradução para o português, o titulo seria algo como “Hana quer que floreça!” ou “Hana quer que de frutos” (com fruto podendo ser, ao mesmo tempo, de fruta, ou os resultados dos esforços dela. Acho que é o que mais combinaria com a história!). Completo em 12 capítulos recompilados em 3 volumes, que foram publicados apenas de forma digital, o mangá foi serializado na revista Hatsu Kiss, da Kodansha, entre fevereiro de 2019 e janeiro de 2020. Ele foi o primeiro mangá de Haruna Ueno, mangaká responsável pela obra, a ser publicado em uma revista mais conhecida e também foi sua primeira obra a passar do volume único. Atualmente, a mangaká está publicando o mangá “KinKoi” (筋恋), na Comic Tint, revista digital da Kodansha.

No início do volume, vemos a vida da Hana indo de mal a pior: pegou o noivo a traindo, seus morangos murcharam e ela foi assediada a caminho para o trabalho. Tudo isso em um intervalo de dois dias. Mas ela não ficou desamparada. Isso porque ela recebeu apoio de seus leitores, ao comentar em seu blog, o “Hanabatake”, sobre a situação com o noivo e os morangos, e foi ajudada por um estranho enquanto lidava com o assediador no metrô. Aqui eu gostaria de pontuar que fiquei bem contente em como a mangaká lidou com a situação: foi dito, com todas as palavras, que independente da roupa que uma pessoa usa, elas jamais estão “pedindo” para serem assediadas e tocadas sem sua permissão. Uma coisa básica? Uma coisa básica, mas que ainda hoje não é senso comum, pois a premissa de “pedir para ser assediada” ainda se sustenta em preceitos machistas. Com esses acontecimentos, somos apresentadas a dois personagens importantes da história: Sunmoon, um leitor do blog de Hana que a acompanha e comenta em todas as publicações, e Akikazu Takaya, a pessoa que a ajudou na situação de assédio do metrô. Coincidentemente Takaya também vem a ser um candidato de encontro às cegas que a mãe arranjou a irmã mais nova e ela está tentando empurrar para Hana, tentando fugir da pressão da mãe para que ela se case logo. Coisa que é recorrente e nada nova para quem lê mangás (e não-mangás também) que possuem protagonistas femininas adultas. Seu encontro com Takaya parece ter ido bem e seus tomates estão crescendo. Estariam as plantas sendo uma representação da vida amorosa dela? Deixo no ar essa pergunta.

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Além de sermos introduzidas a esses personagens, Sunmoon e Takaya, e conhecer um pouco da dinâmica familiar de Hana, já conseguimos ter um bom vislumbre da personalidade da nossa protagonista: ela é uma pessoa motivada e resiliente, honesta e decidida, capaz de expressar suas opiniões e se manter firme em duas decisões. O que contrasta muito com a personalidade do protagonista masculino, Takaya, que vemos no restante do capítulo: a primeira vista, se mostra mais sério e ligeiramente reservado (o estereótipo do protagonista masculino que usa óculos e tem cabelos escuros. Eu amo, não vou negar), mas, ao mesmo tempo, consegue ser expressivo e simpático, uma pessoa que não hesita em agir para ajudar os outros. Essa divergência entre suas personalidades dá origem a ótimas cenas cômicas, como aquela em que se encontram por no metrô e Takaya duvida de que se trate de uma coincidência.

No final do primeiro capítulo, Hana está decidida a não ter mais contato com ele, mas muda de ideia ao ver um desenho no caderno de Takaya, que é muito parecido com o ícone usado por Sunmoon, um dos assíduos leitores de seu blog. Com a descoberta dessa grande possibilidade de que Takaya e Sunmoon sejam a mesma pessoa, a curiosidade de Hana em relação a ele é atiçada. Ela mesma se impressiona com o contraste entre sua personalidade “real” e a persona online, que mostra um lado gentil, respeitoso e encorajador. Inundada por esses pensamentos e movida por sua curiosidade, Hana decide procurar uma vaga de emprego na mesma em que Takaya trabalha. “Vou tentar trabalhar na mesma empresa que um dos meus leitores mas assiduos, mas que é a mesma pessoa que me rejeitou no encontro às cegas e me tratou como uma stalker maluca”, a primeira vista uma coisa muito estranha de se fazer. Mas vemos que essa se torna uma oportunidade de carreira interessante para Hana, que agora trabalha no marketing de uma empresa grande e conhecida, com plano de carreira. Ainda não tira a estranheza da motivação inicial, com a própria Hana se surpreendendo com suas ações, mas mostra que, no fim, aceitar trabalhar nessa nova empresa teve pouco a ver com Takaya.

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Logo depois do primeiro encontro deles na empresa, no qual Hana aproveita para rir um pouco do choque expressado por ele, os dois acabam trabalhando juntos no evento promocional de lançamento de um novo item da empresa. Nisso, vemos que ambos tem personalidades condizentes com as funções que desempenham na empresa, Hana, que é do marketing, é alegre e criativa, enquanto Takaya, da parte de vendas, é mais sério e rígido em suas ações. Além disso, a situação do metrô reforça a existência de um lado gentil de Takaya, mas também nos mostra que situações de interação social não são o forte dele e por isso acaba por parecer rude em vários momentos. Fiquei esperando ele reconhecer em voz alta o esforço da Hana com os mini-ventiladores e, apesar de não ter acontecido, ela não deixou barato e na janta com os outros funcionários que participaram do evento, foi lá e expressou seu desconforto. Alguém que não sabe se defender? Não é o caso da Hana. Vemos que Takaya ainda tem um bom caminho a seguir para conseguir se expressar melhor verbalmente. Pelo menos no que diz respeito aos sentimentos positivos, porque para os negativos não tem impedimentos. Diferentemente de Sunmoon, que se expressa de maneira mais simpática e encorajadora.

Vemos um pouquinho dessa barreira de Takaya ser quebrada com a interação com Hana no táxi e em sua casa. Primeiro, vemos que ele aceita “recomeçar”, esquecer o que ocorreu entre os dois até o momento e seguir em frente. Nesse momento Hana admite que sua abordagem após o fora do encontro às cegas foi um pouco exagerado e ela deseja que isso não cause mais atrito entre eles e também percebemos como ter uma relação de proximidade com Takaya é importante para ela, afinal, ele é Sunmoon, o leitor que a acompanha há anos. E depois vemos que, dividir a manhã do outro dia com Hana o fez refletir sobre sua rigidez em em não se relacionar ou aproximar de outras pessoas, ponto que ainda precisa ser melhor explorado nos próximos volumes, pois não sabemos a motivação por trás dessa decisão. Essa pequena interação entre eles foi tão importante que, não só ele buscou conselho com uma colega de trabalho, mas também deu o primeiro passo na intenção de conhecer pessoalmente a pessoa com quem ele interage há quatro anos por meio do blog. Eu achei isso muito significativo e bonito.

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O contato de Takaya pelo blog acontece em uma noite em que a irmã de Hana vai a sua casa, na tentativa de fugir um pouco da mãe e da pressão para buscar um casamento. Felizmente, a irmã assume o comando da situação e um encontro cara-a-cara com Sunmoon/Takaya é marcado! Pessoas invasivas como a irmã da Hana são péssimas na vida real, mas nas histórias servem muito bem como um mecanismo para que as coisas andem logo. Como Hana ainda não está pronta para a grande revelação de sua identidade para Takaya, elas decidem que sua irmã irá em seu lugar. No grande dia, Hana se esconde e segue os dois. Ela fica extremamente surpresa em como Takaya age. Ele lembra muito mais sua versão do encontro às cegas e Sunmoon, do que o Takaya colega de trabalho. Após o encontro, Hana percebe são seus verdadeiros sentimentos em relação à Takaya: ela está apaixonada. Não apenas isso, mas ela é sua própria rival!, já que Takaya se mostrou interessado em sua persona online.

E assim termina o primeiro volume de "Hana-san wa Minorasetai!”, uma comédia romântica sobre sobre os encontros reais e onlines de uma mãe de plantas com dedo podre para homens e um apreciador de pássaros que precisa melhorar sua forma de se expressar fora da internet. Brincadeiras à parte, eu acho que é um volume muito bom. Conseguimos conhecer bem a personalidade da protagonista, tomamos ciência de suas experiências passadas e sabemos da pressão que ela sofre para se casar, ao mesmo tempo que vemos ela se empenhar em seus hobbies e vida profissional. Entendemos um pouco melhor a relação do título com a história, estamos vendo Hana cultivar seus frutos, literais e abstratos. Fazer essa nova releitura do mangá para escrever essa resenha está sendo ótimo, me permite perceber coisas que não havia percebido anteriormente. Fico muito contente quando isso acontece!

Antes de terminar a resenha, eu preciso comentar sobre a arte. Sou suspeita para falar, porque desde que conheci o mangá, me tornei uma grande fã da Haruna Ueno e acho o traço da mangaká belíssimo. Ela consegue captar emoções muito bem, além de desenhar expressões mais caricatas que dão o tom certo para os momentos mais cômicos do mangá. Eu recomendo demais acessar o twitter dela e passar uns minutinhos rolando a aba de mídias, ou então acessar o pixiv. As artes coloridas das capas dos capítulos são lindas e as ilustrações extras do mangá são muito fofas.

Com isso, chegamos ao fim da primeira resenha do blog! Que momento! Confesso que não estou 100% satisfeita, porque como comentei lá em cima, faltou tempo e experiência. Mas mesmo assim estou feliz de ter feito. Espero voltar em breve com a resenha dos volumes 2 e 3!


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